12 September 2007
Ao soco para que nunca nos saiba a pouco
Ao fim de quatro empates, com a selecção metida no atoleiro das contas como há muito não se via, um homem pode atingir o limite. Começa a faltar a paciência e as mãos tendem a arreganhar-se como que prontas para a vindima. Agora que esse limite possa coincidir com a cara de um Sérvio é coisa altamente discutível. É verdade que o fulano quase arrancava a canela ao Petit durante o jogo, mas, tratando-se do pitt-bull, é só uma questão de toma lá-dá cá.
Na galeria dos perdedores com os azeites não nos faltam apontamentos. Bem pelo contrário: o Mundial da Coreia/Japão, o Euro 2000, o puto estúpido que rouba o cartão ao árbitro... Mas o episódio de ontem faz figura de corpo estranho. Não é mais um a juntar ao extenso rol. O historial português nessa matéria faz-se de muito desespero e ressentimento: a ideia de que temos todas as condições para sairmos vencedores de competições internacionais, mas que algo sempre nos impede - algo exterior, um poder difuso (que nunca é a eventual superioridade dos adversários). O caso de ontem é de outra ordem. É desfastio e pura estupidez.
Scolari, o melhor seleccionador português de sempre, é bom que se diga, está orfão dos papas da selecção, como lhes chamou aqui o Rui. Faz-lhe falta o Figo, que punha a casa em ordem e o puto-Ronaldo na linha. E faz-lhe falta o Baía para poder continuar a cerrar a carranca contra o exterior e dizer "quem manda aqui sou eu".
Fazem-lhe tanta falta que ontem se cansou e nos brindou com o soco mais estapafúrdio da história do futebol. Paulo Esteves
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