27 August 2007

A Jornada

Com o Porto, o Sporting e o Braga a jogarem desta maneira, logo em início de campeonato, parece-me que o Benfica tem à sua frente uma montanha para escalar, numa altura em que outras equipas já vão esquiando a alta velocidade no outro lado da encosta. Vai precisar de todo o misticismo que acumulou em décadas de história. Outro milagre interessante seria o da realidade. em vez de uma luz salvadora e transcendente, os adeptos e dirigentes do benfica despertariam para o mundo que os rodeia e não para o mundo que querem ver. Assim, terminariam a época desfeitos desportivamente, mas baptizados para um novo mundo, que não admite diletâncias nem truques de século xx, quando as chicotadas psicológicas eram vistas com alguma bonomia e serviam para 'acordar' um balneário deprimido. O jogo de ontem parece-me disso um exemplo clarificador. O Porto-Sporting parecia um jogo do campeonato italiano, ou um Liverpool-Chelsea. Pura e simplesmente ninguém cometeu erros. O próprio golo que saiu do livre directo é um exemplo contraditório. Toda a gente (o próprio Paulo Bento) diz que o Stojkovic não deveria ter agarrado na bola com a mão, mas o painel de árbitros no site do jogo diz que não, o Polga não poderia querer atrasar a bola, mas simplesmente cortá-la, pelo que se alguém cometeu um erro foi o árbitro. Com tanto rigor e caldos de galinha, logo em início de época, devo no entanto admitir que já estou como o Nelson Rodrigues, que estava sempre a gritar pelo homem, para não se esquecerem do homem. modelos de jogos, esquemas tácticos, sistemas, diabo a sete. Querem-nos fazer acreditar que o futebol virou ciência e não admite erros. A verdade é que, com erros ou actos de génio, os jogos, tal como na ciência, continuarão a decidir-se por homens. Neste momento parece-me que os treinadores (nomeadamente aqueles cuja continuidade da visibilidade ao seu trabalho - J.Ferreira, P. Bento, J.Costa) vão à frente. Nao é impunemente que o Porto, tendo uma dezena de novas contratações, ainda nao apostou nelas. E, contas feitas, no Sporting passa-se o mesmo (o Izmailov e o Derlei ocupam lugares na equipa que ficaram vazios, depois das saídas de Carlos Martins e Nani, para o losango, e do Bueno e Alecsandro, no ataque). O Benfica tem à sua disposição um lugar vago, o daqueles que acreditam na fezada da cambada e no futebol da molhada. A ver vamos. Ou melhor, já se comeca a ver. Que eu me lembre, o Guimarães é uma equipa que na época passada jogava na segunda divisão. Rui Catalão

2 comments:

sibax said...

Então? Já houve outra jornada...

Paulo Esteves said...

Isto tem andado um bocado apertado de tempo...